terça-feira, 29 de abril de 2008

Fazer amor não é só uma questão de sotaque

JÁ TINHA pensado no assunto: o amor é diferente quando é falado por línguas diferentes. O mesmo ato, a mesma cama, os mesmos corpos, mas a narrativa é distinta, porque distinta é a língua, e os tabus, e as expressões de excitação, e as palavras sussurradas ou gritadas que habitam a boca dos amantes. "Vou gozar", "estou-me a vir": fazer amor em português (do Brasil) ou em português (de Portugal) não é apenas uma questão de sotaque, mas de imaginário, temperamento, tradição.E, no entanto, não existe um estudo sobre o fenômeno. Quando o assunto é sexo, abundam imagens, descrições, banalidades. Clichês. Mas falta uma poética do eros, capaz de revelar o que uma língua transporta para a intimidade. Como será um orgasmo em russo ou em mandarim? Como se excitam, verbalmente falando, os amantes da Islândia ou da Patagônia? E que palavrões fazem sucesso na Grécia ou no Irã? Daria tudo para viajar pelo mundo e construir uma enciclopédia a respeito, uma espécie de tratado sobre a estrutura semântica da sexualidade....

JP Coutinho

Um comentário:

NANDA MAGALHÃES disse...

se eu escutasse "estou-me a vir"; eu ia entrar num ataque infinito de risada pela eternidade!

mais risada que as historias de APOLO, se é que me entende!

tenho que contar as minhas!

adorei o texto!
de verdade!
vc escreve muito bem pixe!
sempr evenho espiar!

divertido e um tema ótimo, que poucas pessoas pensam, mas quando pensam, é complicado!!

logo estarei me a vir a te visiatr!
ok...
ahahahah